Encíclica Papal “Lumen Feminæ” sobre a dignidade, vocação e partipação da mulher na Igreja

ENCÍCLICA PAPAL
"LUMEN FEMINAE"
Sobre a Dignidade, Vocação e participação da mulher na Igreja, na Família e na Comunidade Cristã
DE SUA SANTIDADE,
ROMANO, BISPO
SERVO DOS SERVOS DE DEUS

Aos nossos veneráveis irmãos no episcopado, ao clero, aos religiosos e religiosas, e a todos os fiéis leigos:
Graça e paz da parte de Deus Pai e de nosso Senhor Jesus Cristo.

INTRODUÇÃO

1. No espírito de Cristo, que "não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos" (Mt 20,28), dirigimo-nos a toda a Igreja para meditar sobre a dignidade, a vocação e a missão da mulher. À luz da Escritura, da Tradição e do Magistério, desejamos reafirmar a importância singular da mulher na Igreja e no mundo.

2. Inspiramo-nos na obra de nossos predecessores, particularmente São João Paulo II, que, na Mulieris Dignitatem e na Carta às Mulheres, proclamou a beleza e o valor da vocação feminina, e no Concílio Vaticano II, que convocou a Igreja a integrar mais plenamente o papel dos leigos, homens e mulheres, na missão evangelizadora (Lumen Gentium, 30-31).

I. A MULHER NA ORIGEM DA CRIAÇÃO

3. A Escritura Sagrada revela que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança (Gn 1,27). Na complementaridade dos sexos, manifesta-se a riqueza da humanidade, chamada a uma comunhão de amor e à participação no plano criador de Deus.

4. A criação da mulher, descrita no Gênesis (Gn 2,18-24), sublinha sua dignidade única como companheira e auxiliadora, não em posição de inferioridade, mas como colaboradora igual no desígnio divino.

II. A MULHER NA SALVAÇÃO

5. Na plenitude dos tempos, Deus escolheu uma mulher, Maria de Nazaré, para realizar o mistério da encarnação (Lc 1,26-38). Na sua resposta de fé, Maria tornou-se o modelo da obediência ao chamado divino.

6. Ao longo da história da salvação, mulheres desempenharam papéis essenciais. Ester, Débora, Ana e tantas outras manifestaram coragem e fé. Nos Evangelhos, vemos mulheres como Marta, Maria Madalena e a Samaritana como protagonistas de encontros transformadores com Cristo.

III. A MULHER NA VIDA DE CRISTO E DA IGREJA

7. Jesus reconheceu a dignidade das mulheres de maneira radical para sua época, dialogando com elas, curando-as e integrando-as em sua missão (cf. Lc 8,1-3). Após sua ressurreição, é a Maria Madalena que Ele confia o anúncio da Boa Nova (Jo 20,11-18).

8. Desde os primeiros dias da Igreja, mulheres como Priscila, Febe e Lídia desempenharam papéis fundamentais na evangelização e no cuidado das comunidades cristãs (Rm 16,1-6; At 16,14-15).

IV. A MULHER NA FAMÍLIA

9. A família é a "igreja doméstica" (LG 11), e nela a mulher encontra uma vocação singular como mãe e educadora. Como ensina o Catecismo (n. 2204), a presença feminina é vital para transmitir a fé e os valores evangélicos às futuras gerações.

10. Contudo, a maternidade não é apenas biológica. Muitas mulheres, no celibato ou na vida consagrada, exercem uma maternidade espiritual profunda, formando discípulos de Cristo com sabedoria e amor.

V. A MULHER NO APOSTOLADO LAICAL

11. O Concílio Vaticano II exortou os leigos, incluindo as mulheres, a assumirem com responsabilidade sua parte na missão da Igreja (Apostolicam Actuositatem, 1). A colaboração feminina é visível em todas as pastorais, na catequese, na caridade e na promoção da justiça social.

12. Nos tempos modernos, mulheres leigas têm se destacado como líderes de comunidades, missionárias e defensoras da dignidade humana, inspiradas pelo Evangelho e fortalecidas pelos sacramentos.

VI. A MULHER NO MUNDO VIRTUAL

13. A evangelização no mundo virtual apresenta um campo novo e desafiador. É com alegria que reconhecemos o trabalho de muitas mulheres no uso de plataformas como o Habblet Hotel e outras redes sociais, onde promovem a fé, a solidariedade e o diálogo cristão.

14. Este apostolado requer criatividade, sabedoria e perseverança, virtudes abundantemente presentes na alma feminina. A Igreja deve encorajar e formar essas evangelizadoras para enfrentar os desafios éticos e culturais do ambiente virtual.

VII. A PARTICIPAÇÃO DA MULHER NA VIDA DA IGREJA

15. O Código de Direito Canônico prevê que os leigos, homens e mulheres, possam exercer ofícios e ministérios na Igreja (cân. 228). É nossa intenção promover mais amplamente essa participação, especialmente em organismos e conselhos diocesanos e paroquiais.

16. Reconhecemos a importância de ampliar a colaboração das mulheres na Cúria Romana e em outras instâncias de decisão, garantindo que suas vozes sejam ouvidas e suas contribuições, valorizadas.

VIII. DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS

17. A mulher enfrenta, em muitos contextos, desigualdades, discriminações e violências que contradizem sua dignidade. A Igreja, como mãe e mestra, deve denunciar essas injustiças e trabalhar para superá-las.

18. A secularização e a desvalorização do papel da família desafiam a mulher a reafirmar sua identidade cristã, vivendo os valores do Evangelho com coragem e autenticidade.

IX. MARIA COMO MODELO E INTERCESSORA

19. Maria Santíssima, a mulher "cheia de graça" (Lc 1,28), é o modelo perfeito da vocação feminina. Em sua humildade, serviço e fidelidade, ela manifesta o que significa ser discípula de Cristo.

20. Confiamos todas as mulheres à sua intercessão materna, pedindo que ela inspire e fortaleça cada uma em sua missão única no plano divino.

CONCLUSÃO

Queridos irmãos e irmãs, que esta reflexão inspire toda a Igreja a reconhecer e promover o papel insubstituível da mulher em todos os aspectos da vida eclesial e social.

Dado em Roma, junto à São Pedro, aos onze dias do mês de janeiro do Ano Jubilar da Esperança de 2025, primeiro do meu Pontificado.

+ ROMANO PP. II

Postagem Anterior Próxima Postagem