ROMANUS, EPISCOPUS
SERVUS SERVORUM DEI
Aos Cardeais, Bispos, Presbíteros, Diáconos e Leigos: saudação, paz e bênção apostólica.
Inicio esta carta reconhecendo, com humildade e pesar, que as determinações e palavras que compartilhei recentemente, incluindo as mensagens no grupo de WhatsApp do Clero, foram severas e distantes do espírito do Evangelho. Lembro-me agora do que o Senhor nos ensinou: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7). E por isso, peço-vos, humildemente, perdão, porque também fui levado por uma pressão de um cardeal.
À luz das Escrituras, percebemos que o caminho da Igreja deve ser de compaixão e acolhimento, especialmente para com aqueles que estão prontos a abrir seus corações à comunhão. Somos chamados a ser, como o Bom Pastor, que “deixa as noventa e nove e vai atrás da que se perdeu” (Lc 15,4), para trazê-la de volta ao rebanho. Assim, compreendo agora que as decisões e medidas anunciadas não refletiram o amor que deve transbordar em nosso ministério pastoral.
Em nosso chamado, temos o dever de unir justiça e misericórdia, seguindo as palavras do profeta Miqueias: “Foi-te revelado, ó homem, o que é bom, e o que o Senhor exige de ti: que pratiques a justiça, ames a misericórdia e andes humildemente com o teu Deus” (Mq 6,8). Tendo em mente essa sabedoria que nos conduz, decidi que, na reunião de hoje às 19h30, revisaremos juntos essas diretrizes para que possam refletir um equilíbrio justo e misericordioso.
Nesta reunião, ouviremos a todos e discerniremos, em espírito de oração, as diretrizes para a plena comunhão dos que sinceramente desejam retornar e servir fielmente. Recordo as palavras de Paulo, que nos exorta: “Suportem-se uns aos outros e perdoem-se mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outro. Assim como o Senhor os perdoou, perdoem também uns aos outros” (Cl 3,13). Unidos em fraternidade e com nossos corações abertos, buscaremos construir um caminho de reconciliação para que a nossa Igreja resplandeça como verdadeiro testemunho do amor de Cristo.
Peço, mais uma vez, vosso perdão e rogo ao Senhor que nos fortaleça na caridade e no zelo, para que possamos, como servos humildes, ser reflexo da Sua luz e da Sua paz. Que juntos possamos trilhar o caminho do Bom Pastor, que busca, cuida e acolhe.
Dado em Roma, no Palácio Apostólico, neste dia 29 de outubro do ano do Senhor de 2024, primeiro do meu Pontificado.
+ Romanus Pp. II