Exortação Apostólica “Unidade do Corpo de Cristo” - em virtude da divisão ocorrente na Igreja

ROMANUS, EPISCOPUS
SERVUS SERVORUM DEI

A todos os que esta Exortação Apostólica lerem; saúde, paz e benção apostólica.

Com grande zelo pastoral e profundo amor, dirijo-me a vós para compartilhar uma reflexão urgente sobre a unidade sagrada do Corpo de Cristo e para exortar-vos a resistir aos perigos das divisões e dos falsos ensinamentos que afligem nossa Igreja. A união no Espírito, tão necessária à vida cristã, é um dom divino e um compromisso diário. Como afirma o Apóstolo Paulo: “Esforçai-vos por conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz: há um só Corpo e um só Espírito” (Ef 4,3-4). A separação, o cisma e a busca do poder secular ameaçam essa unidade e, mais gravemente, ferem a própria missão de Cristo no mundo.

Nosso Senhor Jesus Cristo, ao fundar a Igreja, rezou por nossa unidade, dizendo: “Para que todos sejam um, como Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti” (Jo 17,21). Com tal oração, Ele expressa o desejo ardente de que Seus discípulos se mantenham unidos como um só rebanho sob um só Pastor (cf. Jo 10,16). A divisão e a dissidência vão diretamente contra essa vontade divina, ofendem a graça da comunhão e distorcem a imagem do Corpo de Cristo perante o mundo. O Catecismo da Igreja Católica, em sua seção 817, adverte sobre o mal do cisma e do afastamento da comunhão: “A Igreja que é una, porém, possui comunhões imperfeitas com os que agora estão batizados e se chamam cristãos, mas não professam a fé católica integral.”

A AMBIÇÃO E A SEDE DE PODER: CAUSAS DE DIVISÃO

Dentre os que recentemente optaram por este perigoso caminho de divisão, encontramos os exemplos lamentáveis de Guido Kievel, Joseph Betori e Ailton Arns. Movidos por ambições pessoais e pela sede de poder, esses indivíduos escolheram afastar-se da comunhão com a Igreja e com o Romano Pontífice, buscando impor suas próprias visões e lideranças distantes do Magistério e da tradição eclesial. Suas saídas revelam a dolorosa e prejudicial realidade da ambição humana e do desejo de influência, que contrastam fortemente com a humildade e a obediência que Jesus Cristo nos ensinou: “Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos” (Mc 9,35).

Diante de sua incapacidade de guiar e formar novos fiéis com autenticidade e fidelidade à fé católica, tais figuras recorrem agora a todos os membros da Igreja que conseguem seduzir, buscando compensar a própria falta de capacidade para sustentar uma verdadeira vida de fé e de doutrina. Este apelo é um sinal claro de fraqueza e de afastamento da genuína vocação ao serviço. Em vez de submeterem-se ao caminho de humildade que o Senhor exige, enveredam-se pelo orgulho e pelo egocentrismo, erguendo-se como autoridades sem fundamento legítimo ou espiritual.

O PERIGO DA ADERÊNCIA AO CISMA

Na Carta aos Coríntios, São Paulo repreende severamente as divisões na comunidade, dizendo: “Rogo-vos, irmãos, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões” (1Cor 1,10). Os divisores, ao romper com a unidade da Igreja e ao promoverem facções e desobediência, transgridem não apenas a disciplina eclesial, mas também a essência da mensagem evangélica, que nos convoca à unidade. Aqueles que, deliberadamente ou por tentação, seguem esses divisores, participam também da culpa do cisma, pois compartilham da responsabilidade pela ruptura na comunhão eclesial e pelo enfraquecimento da unidade cristã.

O Código de Direito Canônico, em seu cânon 751, define claramente o cisma como o “recusa da submissão ao Sumo Pontífice ou da comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos.” E no cânon 1364, adverte que “o apóstata, o herege ou o cismático incorre automaticamente em excomunhão latae sententiae”. Tal medida é necessária para proteger a unidade e a santidade da Igreja, pois o cisma ofende gravemente a comunhão eclesial e ameaça a salvação das almas, escandalizando o povo de Deus e desviando-o do verdadeiro caminho da fé.

A EXCOMUNHÃO PARA REAJUSTE DO CORPO E NECESSIDADE

Em vista da gravidade da situação, é meu dever pastoral anunciar que a excomunhão de Guido Kievel e Ailton Arns será reiterada em documento próximo. Essa decisão, tomada com grande pesar, visa salvaguardar a integridade da fé, proteger a unidade e o bem espiritual de todo o Corpo de Cristo. A excomunhão é, em sua essência, uma medida medicinal, um último recurso para preservar a saúde espiritual dos fiéis e da própria Igreja, como uma mãe que, na dor, se vê obrigada a separar de seu seio aquele que rejeita obstinadamente a sua orientação.

O Catecismo da Igreja Católica ensina que “a comunhão com o Sucessor de Pedro e com os membros do colégio episcopal é visível e garante a unidade do rebanho” (CIC 882). Portanto, para proteger esta comunhão e a fé dos fiéis, a Igreja não hesita em aplicar a sanção da excomunhão aos que rejeitam sua autoridade e promovem divisões. É um ato de zelo pela pureza da fé e de misericórdia, pois busca também, com este remédio amargo, despertar aqueles que se afastaram para a realidade de sua própria situação e para o chamado ao arrependimento e à reconciliação.

UM CONVITE URGENTE À FIDELIDADE E À UNIDADE

Diante das dolorosas divisões e de todas as ameaças à unidade eclesial, faço um apelo a todos os membros do clero e aos fiéis: permaneçam fiéis à Igreja de Cristo, resistam ao apelo enganoso das falsas promessas e jamais abandonem a comunhão com o Sucessor de Pedro. A Igreja é Una, Santa, Católica e Apostólica, e nossa missão como batizados é testemunhar essa unidade e viver na fidelidade ao Magistério e à Palavra de Deus. Assim, exorto cada um de vós a rezar pela unidade da Igreja e a evitar toda forma de divisão e cisma.

Cristo nos chama a sermos um só corpo, a amarmo-nos como Ele nos amou e a permanecermos unidos ao Pão da Vida, que é a verdadeira fonte de nossa força e esperança. Como lemos na Epístola aos Romanos: “Rogo-vos, irmãos, que tenhais cuidado com os que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que recebestes. Afastai-vos deles” (Rm 16,17). Que ninguém se deixe enganar por aqueles que promovem divisões e que, em seu desejo de poder, minam a caridade e a obediência que devemos ao Senhor e à Sua Igreja.

Rogo a Deus para que aqueles que se afastaram possam abrir seus corações e voltar-se ao serviço humilde e sincero do Evangelho. Peço também, àqueles que se sentem inquietos ou duvidosos, que permaneçam firmes na oração e busquem a orientação no Catecismo, no Magistério e nas Escrituras, fontes seguras da verdade e da fé.

Peço-vos que rezeis, também, por nossa Igreja e pela unidade de todos os cristãos, para que o Espírito Santo fortaleça a nossa fé e renove, cada dia, a nossa fidelidade ao único Pastor e à única Igreja. Que Nossa Senhora, Mãe da Igreja, nos proteja com seu amor materno e interceda para que sejamos sempre fiéis ao chamado à unidade e à santidade que Cristo nos deixou.

Dado em Roma, sob o anel do pescador, no dia 30 de outubro do ano do senhor de 2024, primeiro do meu Pontificado.

+ ROMANUS, PP.
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