HOMILIA DO SANTO PADRE JOÃO PAULO
DA SANTA MISSA SOLENE EM LOUVOR DE
A NOSSA SENHORA DE FÁTIMA
I VISITA APOSTÓLICA
Recinto do Santuário de Fátima - 13 de maio de 2025
HOMILIA DO SANTO PADRE
Amados irmãos e irmãs em Cristo: queridos filhos de Portugal, Peregrinos de todo o mundo reunido neste santuário bendito, filhos e filhas de Maria, a Senhora mais branca que o sol. A paz esteja convosco!
Hoje, os nossos olhos voltam-se para o Céu, mas os nossos pés repousam sobre este chão sagrado onde Maria falou. Aqui, onde o céu tocou a terra, a Virgem Santíssima veio como Mãe solícita, vestida de luz, para recordar ao mundo que Deus não nos esquece, que o Seu Coração é misericórdia, e que o tempo da conversão é agora.
Na primeira leitura, da visão profética do Apocalipse, São João contempla “um novo céu e uma nova terra”. Meus irmãos, esta é a promessa que sustenta o coração da Igreja: que o amor vencerá, que a morte será vencida, e que Deus enxugará dos nossos olhos toda lágrima. Esta promessa começou a cumprir-se na plenitude dos tempos, quando “Deus enviou o Seu Filho, nascido de uma mulher” (Gl 4,4), como escutamos na segunda leitura.
E esta Mulher — aquela em cujo seio o Verbo se fez carne — é também a Mulher que aparece em Fátima. Maria Santíssima é o “sinal grandioso no Céu” (cf. Ap 12,1), a Mãe que continua a dar à luz a Cristo no coração dos fiéis. Ela aparece, não com glória triunfal, mas com ternura materna, apontando o caminho da conversão, da oração e da paz.
No Evangelho de hoje, uma mulher da multidão exclama com emoção: “Feliz o ventre que Te trouxe e os seios que Te amamentaram!” Mas Jesus responde: “Mais felizes ainda são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática.”
Queridos filhos, em Maria, estas duas felicidades se unem: a bem-aventurança da maternidade física e a plenitude da escuta obediente da Palavra. Ela é a Mãe de Deus, mas também a primeira discípula. Por isso, mais do que por ter gerado Cristo segundo a carne, é porque acolheu a Palavra com fé que Maria é bem-aventurada.
E é esta fé obediente, esta docilidade radical, que Maria veio ensinar em Fátima: aos pastorinhos, simples e puros de coração, ela transmitiu o Evangelho eterno com a força de um apelo maternal — um apelo ao arrependimento, à oração do Rosário, à consagração ao seu Imaculado Coração, e à confiança total em Deus.
Fátima, irmãos e irmãs, não é uma recordação do passado. Fátima é hoje. É profecia viva. O seu eco ressoa ainda nas dores do nosso tempo: nas guerras, nas perseguições aos cristãos, na cultura que despreza a vida, na indiferença diante de Deus. Mas também ressoa nas alegrias da Igreja que caminha, nos corações que se convertem, nas famílias que rezam juntas, nos jovens que redescobrem a fé, nas nações que buscam a paz.
Aqui, a Virgem nos mostra que o mundo não será salvo pelo poder das armas nem pela sabedoria dos poderosos, mas pelo humilde poder da oração, do sacrifício, da santidade cotidiana. A vitória do Imaculado Coração de Maria — prometida em Fátima — é a vitória de Cristo na vida dos seus filhos.
Queridos peregrinos, não viestes aqui apenas para contemplar, mas para escutar. Como Maria nos ensina, a verdadeira bem-aventurança está em ouvir a Palavra de Deus e vivê-la. Por isso, deixai que Fátima seja um ponto de partida, não apenas de chegada. Levai daqui a luz que Maria acendeu nos vossos corações. Rezai o Rosário todos os dias. Confessai-vos com frequência. Oferecei sacrifícios pela conversão dos pecadores. Sede instrumentos de paz onde houver divisão.
Aos jovens, repito com amor: não tenhais medo de vos consagrar totalmente a Cristo, por Maria! A Ela, que disse “sim” sem reservas, imitai com coragem. Sede os apóstolos do novo milénio.
Neste lugar bendito, onde o céu tocou a terra por meio do sorriso de uma Mãe, oremos com confiança: “Doce Coração de Maria, sede a salvação do mundo!”
Que Portugal, terra predileta de Maria, continue a ser farol de fé. Que os corações se abram à esperança. E que a paz, fruto do Coração Imaculado, floresça sobre a humanidade inteira.
Assim seja. Amém.