Carta aberta | Decanato do Colégio dos Cardeais

FR. LEOPOLDO JORGE CARDEAL SCHERER, CP.
POR MERCÊ DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA,
CARDEAL-BISPO DE PORTO-SANTA RUFINA E ÓSTIA
DECANO DO COLÉGIO DOS CARDEAIS.

A todos vós, diletíssimos irmãos e irmãs que lerem, saúde, paz, misericórdia, esperança e benção no Senhor Ressuscitado.

Entendo que, nos últimos dias, tomei uma posição muito firme, e que algumas palavras acabaram por incutir o ódio no coração dos irmãos. Vejo, contudo, uma força que se opõe ao atual governo do Pontificado e ao projeto da Igreja, tentando, sob o pretexto de uma nova resistência, assumir o governo e expurgar dela aqueles que, em seus piores momentos, permaneceram fiéis, derramaram seu sangue e estiveram sempre ao seu lado.

Em meu discurso, acabei por atingir meu irmão Philipe Mathaus Scherer, por quem tenho muita estima. Igualmente, errei diversas vezes ao ser injusto com o Diácono Jack Lima. Além disso, agi de forma equivocada ao atacar publicamente onde, na verdade, deveria ter esclarecido pontos de forma privada.

Deste modo, retrato-me com aqueles que magoei. Contudo, minha voz continuará sendo a voz da justiça e da defesa da Igreja. Aqueles que me perseguem, que desejam minha saída do Decanato e buscam formas de me impedir de participar do Conclave, são justamente os que outrora deixaram a Igreja, a ofenderam e a rechaçaram em todos os âmbitos e sentidos.

Concordo com a oportunidade do perdão, com o voto de confiança. Mas não posso concordar com narizes empinados e atitudes autoritárias. Nos tempos mais difíceis da nossa história, fomos nós que resgatamos a Igreja. E é justamente isso que procuro denunciar: aqueles que chegam, assumem cargos e rapidamente se sentam à janela.

Declaro que não renunciarei ao Decanato. Manterei, sim, meu tom de defesa, de correção fraterna e de seriedade. Há situações que não posso tolerar dentro da Igreja. Contudo, agora verão o silêncio... o silêncio da oração, da confiança e do amor mútuo e fraterno.

Deixo registrada minha obediência ao Santo Padre e o meu apoio a vós, Padres e Bispos que há tanto tempo lutam conosco, que edificam esta casa dia após dia — e cuja credibilidade está sendo desafiada por pessoas que contribuíram para a destruição da Igreja e que hoje retornam querendo impor uma moral que jamais praticaram.

Dado em Roma, Cidade Eterna, no trigésimo dia de junho do ano jubilar de Esperança do segundo milésimo vigésimo quinto, no primeiro do nosso Pontificado.

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