DECLARAÇÃO APOSTÓLICA
PELA QUAL SE DECLARA LEÃO V
PONTÍFICE MAGNO.
A todos os irmãos e irmãs de boa vontade que esta declaração apostólica ler, saudação, paz e bençãos do Senhor.
1. A Igreja de Deus, peregrina na terra, alimentada pela Palavra eterna e guiada pelo Espírito do Senhor, honra com amor e veneração a sucessão apostólica que, através dos séculos, manifestou a fidelidade do Pastor Eterno que nunca abandona o seu rebanho.
2. A Sé Apostólica, por desígnio divino, tornou-se sinal visível da unidade na fé, na caridade e na autoridade pastoral. Aquele que, por disposição da Divina Providência, nela é estabelecido, sucede ao Bem-aventurado Pedro e de Romanus primus no ofício de apascentar, confirmar e santificar o povo de Deus.
3. Entre os sucessores do Príncipe dos Apóstolos, nem todos resplandecem igualmente aos olhos da história, mas todos são preciosos aos olhos de Deus. Alguns foram mártires de sangue; outros, confessores da fé em meio à perseguição; e outros ainda, mártires de silêncio, fidelidade e obscuridade, cujas obras não foram celebradas, mas cujas virtudes se conservaram no coração da Igreja.
4. Neste espírito, elevamos à consideração do povo fiel à memória de Leão V, nosso predecessor no trono de Pedro, cujo pontificado breve e injustamente obscurecido merece agora, com firme juízo e paternal solicitude, ser resgatado e reconhecido como exemplo de autêntica entrega à missão confiada por Cristo à sua Igreja.
5. A Providência divina, que conduz com sabedoria os destinos da Igreja, permitiu que o pontificado de Leão V se desse em tempo conturbado, cercado de ameaças externas e traições internas. No entanto, mesmo sem deixar tratados ou concílios, doutrinas ou reformas, o Papa Leão V brilhou pela fidelidade interior e pela paciência evangélica diante da adversidade.
Recordo as palavras de São Tiago: “Sabeis que a vossa fé, provada, produz a perseverança” (Tg 1,3) e ainda de Isaías: “Na conversão e na tranquilidade está a vossa salvação; na serenidade e na confiança está a vossa força” (Is 30,15)
6. O silêncio de Leão V foi mais eloquente do que muitos discursos. Sua aceitação humilde do ministério petrino, seguida pela sua renúncia, tornou-se, aos olhos da Igreja, verdadeiro testemunho de uma entrega total à vontade de Deus. E mesmo após sua renúncia, permanecendo como Bispo Emérito, sustentou a Igreja com as suas orações até à sua Páscoa definitiva.
7. O ministério do Sucessor de Pedro não é constituído para a glória humana, mas para o serviço. Cristo, ao confiar a Pedro as chaves do Reino dos Céus (cf. Mt 16,19), não lhe prometeu poder mundano, mas o chamou a morrer pelas suas ovelhas (cf. Jo 21,18-19). “Eu sou o Bom Pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10,11)
8. Na história da Igreja, os verdadeiros pastores são reconhecidos não pelo tempo de reinado, nem pelas obras humanas, mas pelo grau de sua conformação ao Cristo. Leão V, embora brevemente sentado na cátedra de Pedro, revelou em si as disposições interiores do Bom Pastor: humildade, mansidão, confiança em Deus, ausência de vaidade, renúncia a toda ambição e o mais bonito de tudo: sendo um Pai para todos nós.
Como escreveu São Gregório Magno: “Tanto mais é digno de ser chamado pastor quanto mais se consome em favor das ovelhas” (Moralia in Iob, II)
9. Tendo considerado: A virtude evangélica manifestada por Leão V em meio às tribulações do seu pontificado; O seu exemplo de mansidão pastoral diante da calúnia e da perseguição injusta; O reconhecimento gradual e constante, ao longo dos tempos, da sua integridade moral e fidelidade à missão recebida; E após consultar os membros do Colégio Cardinalício, bem como os bispos das Igrejas particulares em comunhão com esta Sé Apostólica; por esta nossa Constituição Apostólica, com autoridade apostólica, definimos e declaramos que: Leão V, Papa e Sucessor de Pedro, seja doravante honrado com o título de Magno, em reconhecimento à sua fidelidade, paciência, amor e entrega total ao ministério petrino, vivido com espírito de serviço, humildade e renúncia.
10. Aos bispos, presbíteros, diáconos e fiéis de toda a Santa Madre Igreja, exortamos que, ao recordar o exemplo de Leão V, aprendam a ver a grandeza cristã não nas conquistas humanas, mas na fidelidade oculta.
11. Vivemos tempos em que a autoridade arrisca ser exercida com vaidade e os cargos, desejados por ambição. Leão V, com sua vida escondida com Cristo, recorda-nos que a única glória que permanece é a da obediência a Deus e da humildade diante dos irmãos. “Quem quiser ser o primeiro entre vós, seja vosso servo” (Mt 20,27). “A humildade é a escada que conduz ao cume da perfeição” (São Bento, RB 7,6)
12. Ordenamos que esta Constituição Apostólica seja promulgada por publicação nos Acta Apostolicae Sedis e difundida por todos os meios ordinários de comunicação da Santa Sé.