EXORTAÇÃO APOSTÓLICA
FONS AQUÆ VIVÆ
DIRIGIDA ÀS IGREJAS PARTICULARES
DO SUMO PONTÍFICE
BONIFATIUS, EPISCOPUS
PONTIFEX MAXIMUS
SERVUS SERVORUM DEI
A quantos a esta minha Exortação Apostólica lerem, saudação, paz e bênção apostólica.
PROEMIUM
1. Com espírito de gratidão ao Senhor da Messe e movido pelo zelo pastoral, dirijo-me a vós, Igrejas particulares de Aparecida, Fátima, Jerusalém e Espanha, como quem partilha o mesmo peso da cruz e a mesma esperança da ressurreição. O nosso encontro, ontem, foi sinal claro da ação do Espírito entre nós, confirmando-nos na unidade da fé e no compromisso de uma missão cada vez mais viva, encarnada e corajosa em Cristo vivo e Ressuscitado.
2. A vossa presença foi bálsamo para a Igreja e testemunho do vigor das comunidades que representais. Contudo, a caridade pastoral nos exige ainda que prossigamos com esta mesma ousadia na tarefa que é nos confiada: resgatar as almas e anunciar, sem diluição, a Verdade que liberta.
I. DE MISSIO
A urgência da Missão
3. Recordo-vos, com veemência, daa natureza missionária da Igreja: ela não é opcional, mas constitutiva de sua identidade. “Ai de mim se eu não evangelizar!” (1Cor 9,16), exclama São Paulo. Hoje, essa urgência ressoa com ainda maior clareza. Em tempos de sede espiritual e corporal, de desorientação moral e do relativismo agressivo, somos chamados a ser fontes de água viva, não de águas turvas e amargas.
4. O Papa Francisco, de feliz memória, exortava-nos com vigor: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, do que uma Igreja enferma pelo fechamento e pela comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (Evangelii Gaudium, 49).
5. Sede, pois, Igrejas em saída, ousadas no anúncio e ternas no acolhimento. Não deixemos que o cansaço pastoral se transforme em tibieza.
II. DE LAICI
A importância do Bispo com o laicato
6. O tempo presente clama pela valorização concreta do laicato. Não como auxiliares da hierarquia, porém, como protagonistas da evangelização, inseridos nas estruturas sociais, políticas e culturais, fermento de transformação evangélica.
7. “Os leigos, em virtude do seu batismo, são chamados a santificar o mundo desde dentro, à maneira de fermento” (Lumen Gentium, 31).
8. Promovam com sabedoria e coragem a formação dos leigos; abram espaços para o seu serviço no altar e no mundo; escutem-nos com coração de pastores. O laicato bem formado é antídoto contra a esterilidade pastoral e contra a ideologização da fé.
III. DE SANCTA MISSIO
A necessidade das Santas Missões
9. Não podemos descansar enquanto houver ovelhas dispersas. O anúncio missionário é a grande carência de nosso tempo. Voltemos às Santas Missões Populares! A missão deve deixar de ser evento ocasional e tornar-se eixo permanente da pastoral ordinária. Que a Palavra seja sempre proclamada com clareza e companhia a verdadeira unção; que a Eucaristia seja celebrada com devoção, paixão e sacralidade do que se requer de um próprio sacrifício de um Cristo que nos amou do alto da Cruz e que salvou a humanidade; que a caridade seja exercida com vero discrição e eficácia.
10. As Igrejas particulares têm um objetivo sagrado: o resgate das almas. Não fujamos dessa responsabilidade: é hoje o momento de lançar as redes!
IV. DE VOCATIO
A necessidade de priorizar as vocações
11. Cada vocação é um milagre. Cada sacerdote, cada religioso, cada consagrado que surge nas nossas comunidades é fruto da oração, do testemunho e do silêncio fecundo. Promovam as vocações com ousadia. Multipliquem os momentos de escuta e discernimento.
12. Ensinai aos jovens que servir ao Senhor é uma aventura de liberdade e plenitude. “A messe é grande, mas os operários são poucos” (Mt 9,37). Roguemos, pois, com insistência e sem desânimo.
V. DE VERITATIS
O dever de proclamar a verdade
13. Vivemos num tempo em que muitas doutrinas estranhas ameaçam penetrar nos corações, seduzindo com aparente compaixão aquilo que não é senão erro. Cuidai, pastores, para que as vossas Igrejas não se deixem enganar por ideologias seculares disfarçadas de teologia. Não é lícito substituir a doutrina da Igreja por narrativas que a negam sutilmente. Pois “Já não suportarão a sã doutrina, mas, levados por suas próprias paixões, juntarão mestres para si, conforme seus desejos” (2Tm 4,3).
14. Sede submissos à verdade. Instruí o rebanho não segundo o mundo, mas segundo Cristo. A Igreja não é senhora da Verdade; é sua guardiã. O ministério apostólico deve ser exercido com coragem e com clareza, jamais com ambiguidade ou silêncio cúmplice.
15. A missão não se separa da compaixão. O rosto da Igreja deve ser o rosto de Cristo Bom Pastor. Caminhai lado a lado com os que mais sofrem. Não vos afasteis dos pequeninos, dos pobres, dos marginalizados. Vesti-vos de humanidade e mansidão. O vosso serviço pastoral deve ser bálsamo e esperança.
16. A Igreja é mãe. E uma mãe não abandona. Ela consola, sustenta, ensina, corrige com amor.
TERMINUS
Sejam fontes de água viva!
17. Ao concluir esta exortação, convido-vos à contemplação da promessa do Senhor: “Aquele que beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede. E a água que Eu lhe der tornar-se-á nele fonte de água que jorra para a vida eterna” (Jo 4,14).
18. Sede, pois, estas fontes! Sede Fontes puras, fontes corajosas, fontes de salvação. Em tempos dos desertos existenciais, as vossas Igrejas deverão ser o oásis onde o povo encontre Cristo. Saciai a sede com a Palavra, com os sacramentos, com a verdade e com o amor que Cristo nos instruiu.
19. Sob a proteção de Nossa Senhora Aparecida, da Virgem de Fátima, da Jerusalém celeste e de tantos santos espanhóis que ornaram a Igreja, perseverai na fidelidade, na missão e na caridade.
20. E que Cristo, fonte de água vida, sacie os corações de todos os que ainda sentem sede da palavra de Deus, do amor de Deus, do conforto e de um abraço do Cristo que nos chama sempre ao mandamento do amor e à mansidão de Coração.
Dado em Roma, aos catorze dias de julho do ano jubilar da esperança de dois mil e vinte e cinco, primeiro do meu Pontificado.
