Carta aberta ao Santo Padre


DOM AGNELO PREVOST CARDEAL ARNS,
POR MERCÊ DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA,
CARDEAL-BISPO DE ALBANO E ÓSTIA,
DECANO DO COLÉGIO CARDINALÍCIO 

Ao Santo Padre Bonifácio,

Início minha carta com as letras de Eclesiastes: “Já tenho entendido que não há coisa melhor para eles do que alegrar-se e fazer bem na sua vida; Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, e nada se lhe deve tirar; e isto faz Deus para que haja temor diante dele. O que é, já foi; e o que há de ser, também já foi; e Deus pede conta do que passou.” (Ecl. 3, 12. 14-15).

Em dois mil e doze, fui ordenado presbítero pelas mãos do saudoso Giuseppe Mariæ Sarto. E das mesmas mãos, enquanto Papa Pio XXIII, recebi a sagração Episcopal. Acredito que toda a minha vida, enquanto dedicado ao apostolado virtual, tudo foi feito de forma justa e ordenada, com o intuito de enaltecer o apostolado virtual e o que aqui fazemos.

Mas como descreve as bem-aventuranças: “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus! Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.” (cf. Mt 5, 10-11) não existiu um momento sequer que os inimigos da igreja me apontassem o dedo, muitas vezes com graves calúnias e mentiras a meu respeito. 

Pois o meu legado sempre foi invejável, toda a dedicação ao apostolado, mesmo com alguns erros foi feito de forma justa e limpa.

Fui constantemente perseguido, alvo de ataques xenofóbicos e mentiras constantes diretas contra mim. Os dedos que me apontavam, julgavam algumas falhas que tive, mas que, maioria delas foram inventadas com o propósito de prejudicar a Igreja e afastar dela os seus filhos.

Hoje, então, foi visível que os tempos são novos; e eis chegado também o momento que me despeça e finde, de uma vez por todas, deste apostolado virtual e se dê lugar aos mais novatos.

Afinal, já não poderei continuar em um lugar onde muitos dedos apontam como “mandão” ou então “chefe da Igreja” cobardemente acusado pelos mafiosos de “agir contra Papas” porém, nunca me poderão apontar o dedo como “ladrão” ou acusar-me de “traidor”. 

Porque todas as vezes que a igreja viveu nos seus piores momentos, eu estive lá, fui chamado diversas vezes a conduzi-la, e depois que ela se reorganizou — por minha causa — fui novamente jogado para debaixo dos panos.

Vós, Santo Padre, fostes testemunha viva da minha dedicação. Nós dois, até mesmo quando Mauro e Daniel estavam ativos conosco, os quatro, defendemos a todo o custo a unidade integral da Igreja e conseguimos recuperar todo o património da Igreja — não foram os que hoje elevam a voz como salvadores da pátria: fomos nós.

E eis que visando que já não possuo mais algum espaço ou mais relevância para a igreja, após uma longa decisão, apresento ao Santo Padre a minha renúncia ao Decanato, bem como a todos os ofícios da Cúria Romana e, subsequente, a minha renúncia ao Estado Clerical, desejando abandonar definitivamente o sacramento da ordem.

É uma decisão que me custa, que aperta o meu coração. Porém, Santo Padre, não há como ter mais forças para caminhar entre lobos que, a todo o momento te ridicularizam e te desprezam, deixando de lado o valor e o respeito — dons primordiais do Cristão.

É decepcionante quando existem clérigos que se trancafiados nos quartos ou nos grupos do WhatsApp, e "mordem” como cães desalmados. Eu sei muito bem o intuito deles, e é por isso que agora abro caminho: o intuito de tomarem a igreja para eles.

Não tenho muito o que expressar. Simplesmente, lamentar, como o Santo Padre permanece em silêncio diante tanta insensatez e injustiça. Como o Santo Padre vê um Cardeal que altera a voz e lhe fala como se o senhor fosse uma pessoa qualquer.

Evoco ainda aqui a palavras de Bruno Martini (Matteo Montini, Montebelle, como o queiram chamar): "Nos meus tempos, até lambia o chão por onde um superior meu passava) — as palavras de mais outro injustiçado pelos "novatos” que querem uma igreja reestruturada à sua maneira.

Vejamos, agora, com a minha saída, o que será da igreja. Afinal, isto já não me pertence. Mas pertence agora ao senhor que, deve também manter-se de “atalaia” ou também corre o risco de ser amordaçado pelas serpentes, pelos “vampiros” cujo intuito é injectar veneno e sugar a confiança de quem lhes faz bem para ganhar vantagens.

Concluo com uma frase de Fernando Pessoa: “.O público não quer a verdade, mas a mentira que mais lhe agrade”. 

Espero a minha decisão aceite por Vossa Santidade. Manifesto minhas continuas orações pelo Apostolado e pelo tempo de “provação” que hora inicia. Como outrora dizia Ed Palamone: que comece a revolução das bichas.

Atenciosamente,

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