Carta | Na ocasião da Comemoração dos Fiéis Defuntos

R O M A N V S,  E P IS C O P V S
SERVUS SERVORVM DEI

Aos estimados irmãos e irmãs que esta minha CARTA ler, saudação, paz, misericórdia, consolo e esperança.

Dirijo-me a todos vós neste momento de piedosa reflexão em que, unidos pelo vínculo da fé e do amor cristão, recordamos e celebramos a memória dos fiéis defuntos. Esta comemoração nos convida a contemplar o mistério da vida e da morte, reafirmando nossa esperança na ressurreição e na vida eterna, promessas centrais da nossa fé.

A Igreja, peregrina na Terra, avança em sua missão de testemunhar o amor e a misericórdia de Deus, mesmo em meio às sombras do sofrimento e da perda. Esta caminhada terrena, repleta de desafios, é parte da grande jornada rumo à Igreja Triunfante, onde a plenitude da comunhão com Deus será finalmente alcançada. Como ensina o Catecismo da Igreja Católica: “A ressurreição dos mortos é a esperança dos cristãos; somos cristãos pelo fato de crermos na ressurreição” (CIC 991). Neste espírito, enfrentamos a dor da morte, lembrando que ela foi vencida por Cristo, que disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11,25).

Neste ano, fomos tocados por perdas particularmente significativas. Com profunda tristeza e respeito, recordamos o falecimento do muito amado Cardeal Francisco Santos, cuja vida foi um testemunho vivo da fé, da caridade e da dedicação incansável ao serviço da Igreja. Sua partida é sentida por todos, mas somos consolados pela certeza de que ele agora descansa na paz eterna, conforme está escrito: “As almas dos justos estão nas mãos de Deus, e nenhum tormento os tocará” (Sb 3,1).

É natural que, ao contemplarmos a partida daqueles que amamos, nossos corações se encham de saudade. No entanto, como nos exorta São Paulo: “Não queremos, irmãos, que ignoreis o que acontece com os mortos, para que não vos entristeçais como os outros, que não têm esperança” (1Ts 4,13). Nossa fé cristã transforma o luto em uma espera confiante, na certeza de que Cristo, vencedor da morte, nos prepara um lugar junto a Ele. Como Ele próprio assegurou: “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fosse, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos um lugar” (Jo 14,2).

A visita aos cemitérios, que muitos de vós realizam nesta época, é um ato de fé e amor. Estes locais, onde repousam os corpos dos que nos precederam, são lembranças visíveis da comunhão dos santos, um elo que transcende a morte e nos une na oração e na esperança. Ao acendermos velas e depositarmos flores, proclamamos que o amor e a memória resistem e que nossos irmãos e irmãs na fé continuam vivos em Cristo. Como ensina o Catecismo: “A Igreja, desde os primeiros tempos, honrou a memória dos mortos e ofereceu sufrágios em seu favor, sobretudo o sacrifício eucarístico, para que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus” (CIC 1032).

A comunhão dos santos é um mistério que reafirma nossa unidade. Acreditamos que, na morte, os fiéis não são separados da Igreja, mas continuam a fazer parte de um corpo místico, onde intercedem por nós, e nós por eles. Assim, quando rezamos por nossos falecidos, estamos em comunhão com eles e com toda a Igreja Triunfante. “Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, cremos também que Deus levará com Jesus os que nele morreram” (1Ts 4,14). Esta comunhão é fonte de consolo, pois nos lembra que a separação é temporária, e a promessa de Cristo nos unirá definitivamente no Reino de Deus.

Com esta certeza, desejo encorajar a todos os que, nestes dias, visitam os cemitérios para recordar seus entes queridos. Que este ato seja um momento de profunda espiritualidade e renovação da esperança. Que, em cada prece, possais sentir a presença viva do Senhor, que disse: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Que esta promessa ilumine cada coração e que o Espírito Santo vos conceda a paz que vem de Deus.

Maria Santíssima, nossa Mãe e Consoladora dos Aflitos, interceda por nós junto a Seu Filho, para que possamos viver com a firme convicção de que a morte é uma passagem e que a vida verdadeira se encontra na comunhão eterna com Deus. Que a sua proteção nos inspire e guie na fé, até que nos encontremos na glória do Senhor.

Deixo a todos vós a minha bênção e a certeza das minhas orações constantes, rogando para que, na esperança da ressurreição, possamos permanecer unidos em Cristo.

Dado em Roma, no Gabinete Apostólico, no dia 31 de outubro do ano do Senhor de 2024, primeiro do meu Pontificado.

+ ROMANVS PP. II
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