NA MISSA DA SOLENIDADE DO NATAL DO SENHOR 2024
Basílica de São Pedro, Vaticano
Caríssimos irmãos e irmãs,
Celebramos hoje o mistério glorioso do Natal, o nascimento do Verbo Encarnado, Deus que se fez homem para habitar entre nós. As leituras que ouvimos nesta liturgia conduzem-nos a contemplar o insondável amor de Deus, que veio iluminar a humanidade e restaurar todas as coisas em Cristo.
Na Primeira Leitura, o profeta Isaías anuncia com palavras jubilosas: “Que belos são, sobre os montes, os pés do mensageiro que anuncia a paz, que traz boas notícias” (Is 52, 7). Essa boa notícia que ele antecipa é a salvação que hoje contemplamos. O Senhor não se manteve distante; Ele revelou Seu braço forte, vindo ao encontro de Seu povo com amor e misericórdia. É o próprio Deus que desce ao nosso mundo para nos salvar.
Na Segunda Leitura, a carta aos Hebreus sublinha a singularidade deste momento: Deus, que outrora falou de muitas maneiras pelos profetas, agora nos falou por meio de Seu Filho (Hb 1, 1-2). Jesus é a Palavra definitiva do Pai, a imagem perfeita de Sua glória. No Natal, Deus nos fala não apenas com palavras, mas com a Sua própria presença. Ele nos revela o que significa ser amado plenamente.
O Evangelho segundo São João nos conduz ao coração deste mistério. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1, 1). Essas palavras ecoam o Gênesis, mas nos trazem algo novo: o Criador se torna criatura. O Verbo eterno de Deus, aquele por quem tudo foi feito, escolhe assumir a nossa humanidade, com todas as suas fragilidades, exceto o pecado.
E João nos oferece uma mensagem que é ao mesmo tempo consoladora e desafiadora: “Veio para o que era seu, e os seus não o acolheram” (Jo 1, 11). Este mistério exige de nós uma resposta. Deus vem até nós com um amor que não conhece limites, mas Ele nunca nos força. Ele nos convida a abrir o coração, a acolhê-lo com fé e a nos deixar transformar por Sua presença.
Neste Natal, somos chamados a meditar sobre como temos acolhido Jesus em nossas vidas. Ele não nasceu em um palácio, mas em uma gruta. Não foi recebido por reis, mas por pastores humildes. Essa simplicidade nos desafia a renunciar ao orgulho, à vaidade e ao egoísmo, para que o Senhor possa nascer no presépio de nossos corações.
Amados irmãos e irmãs, o Natal é mais do que um evento histórico ou uma celebração tradicional. É um convite à transformação. Contemplando o Menino de Belém, somos chamados a viver como filhos da luz, testemunhas do amor de Deus no mundo.
Que este Natal renove em nós a certeza de que “a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la” (Jo 1, 5). O mundo ainda vive em muitas sombras, mas a presença de Cristo é a luz que guia nossos passos. Sejamos portadores dessa luz em nossas famílias, comunidades e em todos os lugares onde o Senhor nos enviar.
Com Maria e José, adoremos o Verbo Encarnado. E que a nossa vida, inspirada pelo amor de Cristo, seja uma contínua proclamação da glória de Deus.
Amém. Assim seja.