NA MISSA DA NOITE DO NATAL DO SENHOR 2024
Basílica de São Pedro, Vaticano
Amados irmãos e irmãs, Santo e Feliz Natal!
Nesta noite santa, a luz de uma promessa antiga se cumpre. Em meio ao silêncio da noite, o Verbo de Deus se faz carne e habita entre nós. A profecia de Isaías, que acabamos de ouvir, ecoa nos nossos corações: "O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu" (Is 9, 1). Hoje, essa luz é o Menino que repousa na manjedoura em Belém, o Príncipe da Paz, o Deus Forte, o Emanuel.
O Evangelho segundo São Lucas nos transporta para a singeleza desse mistério. Na simplicidade de uma gruta, onde faltavam comodidades, mas sobrava amor, nasceu o Salvador do mundo. Os pastores, pobres e esquecidos pela sociedade, foram os primeiros a receber o anúncio dos anjos: "Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor" (Lc 2, 11). Que mensagem poderosa e transformadora!
Neste momento, a Palavra nos desafia a olhar para o presépio com o coração aberto e humilde. A manjedoura, improvisada e simples, revela que Deus não escolheu o poder, a riqueza ou os palácios para entrar na história humana. Ele escolheu a fragilidade de um recém-nascido, a pobreza de um estábulo, a companhia de pais que confiavam plenamente em Seu plano.
Na Segunda Leitura, São Paulo nos recorda que "a graça de Deus se manifestou, trazendo a salvação para todos os homens" (Tt 2, 11). A graça de Deus não faz distinções. Ela nos alcança em nossa pequenez, nas nossas limitações e nos convida a viver de maneira justa, piedosa e cheia de esperança. O nascimento de Cristo nos convida a abraçar essa graça com alegria e renovação interior.
Meus amados, neste mundo tão ferido por divisões, injustiças e guerras, o presépio nos desafia a sermos portadores da paz. Jesus é o Príncipe da Paz, e Ele nos convida a sermos artífices de reconciliação, a construirmos pontes onde há muros e a curarmos as feridas abertas pelo ódio e pelo egoísmo.
Contemplando o Menino de Belém, somos chamados a renovar a nossa fé. Assim como os pastores, somos convidados a nos aproximar, a deixar tudo para trás e a nos ajoelhar diante da manjedoura. E como Maria e José, somos chamados a confiar plenamente nos planos de Deus, mesmo quando não entendemos plenamente os Seus caminhos.
Ao final desta celebração, levemos conosco a alegria e a paz desta noite santa. Que o espírito do Natal, que é a presença viva de Jesus, ilumine os nossos corações e transforme as nossas famílias, as nossas comunidades e o nosso mundo.
Que a Virgem Maria, a Mãe do Salvador, nos ensine a guardar e meditar sobre este mistério em nossos corações. E que, juntos, possamos proclamar com os anjos: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens de boa vontade” (Lc 2, 14).
Assim seja.
Amém.