Regina Cæli | Pentecostes (06/06) - João Paulo IX

REGINA CÆLI
06 de Junho de 2025
Praça de São Pedro, Vaticano
Papa João Paulo IX
Jubileu da Igreja Universal,
Solenidade de Pentecostes.

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Neste domingo glorioso, celebramos a Solenidade de Pentecostes, o derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja nascente. É o grande final do tempo pascal. É o sopro de Deus que renova, que recria, que impulsiona. Pentecostes não é apenas uma recordação: é um presente atual, um dom sempre novo, uma irrupção do alto que deseja tocar também hoje os nossos corações.

E neste dia, pela última vez nesta Páscoa, elevamos o olhar ao Céu com as palavras do Regina Caeli. Amanhã, com o tempo comum, voltaremos ao Angelus, mas hoje ainda estamos no cenáculo, com os apóstolos e com Maria, a Mãe da Igreja. A porta está fechada. Há medo. Há confusão. Mas, de repente, o Ressuscitado entra. E o que Ele diz?

“A paz esteja convosco” (Jo 20,19).

Este é o dom do Ressuscitado. Este é o primeiro fruto do Espírito: a paz. Não uma paz frágil, feita de compromissos. Não a paz das aparências ou do silêncio cúmplice. Mas a paz verdadeira, que nasce da reconciliação com Deus e com os irmãos.

É por isso que, hoje, queridos irmãos e irmãs, eu clamo: paz! Paz no mundo! Paz nos corações! Paz entre os povos! Paz nas famílias! Paz nas amizades feridas! Paz no interior das comunidades cristãs! Paz no corpo e no espírito! Paz também no espaço digital, tantas vezes usado para divisão, desprezo e desinformação!

Chega de guerras! Chega de injustiças! Chega de palavras que ferem, que afastam, que enganam! Chega de vozes que procuram apenas confundir, manipular, dividir! É hora de voltar à verdade. É hora de recomeçar a partir de Cristo. Dele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Hoje, o Espírito nos convida a um novo Pentecostes. A um novo começo. E esse começo passa pelo diálogo sincero, pela escuta mútua, pelo perdão oferecido e recebido. Passa pela unidade fraterna, que não é uniformidade, mas comunhão viva. O Espírito Santo é o vínculo do amor. Ele nos ensina a viver como irmãos, mesmo sendo diferentes. Ele nos convence de que ninguém se salva sozinho.

O mundo precisa ver cristãos que se amam. Que se perdoam. Que se respeitam. Que rezam juntos, mesmo quando pensam diferente. O mundo está sedento de testemunho. Testemunho de fé, de esperança, de caridade concreta. O mundo não será convencido por estratégias ou discursos, mas pelo fogo do amor verdadeiro, aquele que o Espírito acende nos corações disponíveis.

Hoje também, iniciamos simbolicamente um novo tempo de escuta e renovação na Igreja, à luz do Concílio Vaticano II, cuja mensagem continua viva: a Igreja é sinal e instrumento de unidade, sacramento de salvação, mistério de comunhão missionária.

E diante de tantas guerras — visíveis e invisíveis — também dentro do corpo da Igreja, peço: deixemos o Espírito Santo trabalhar. Não fechemos as janelas. Não apaguemos a chama. Deixemos que Ele fale! Deixemos que Ele una o que foi disperso. Que cure o que está ferido. Que reconstrua o que foi destruído.

Cristo hoje surge no meio dos apóstolos. Ele não os repreende. Ele não os acusa. Ele simplesmente diz: “A paz esteja convosco” e sopra sobre eles o Espírito Santo.

Este sopro divino, irmãos e irmãs, é para nós hoje. É para a nossa Igreja. É para as nossas casas. É para as nossas feridas. É para este mundo cansado de violência, e faminto de verdade. O Espírito Santo nos quer livres e unidos, diferentes mas reconciliados, ousados mas humildes. Ele nos quer testemunhas da paz.

Então, com o coração em festa, com os olhos fixos em Maria, Rainha do Céu e da Paz, com todos os nossos irmãos ao redor do mundo, rezemos com alegria.

E agora, queridos irmãos e irmãs, dirijo a minha saudação afetuosa aos peregrinos presentes aqui na Praça de São Pedro e aos que nos acompanham através dos meios de comunicação.

Saúdo com carinho os fiéis de Roma e de toda a Itália, sempre generosos na fé e no serviço.

Saúdo os peregrinos vindos da França, da Espanha, de Portugal, de toda a Europa, que conservam a chama da fé em meio aos desafios do nosso tempo.

Saúdo com particular afeição os irmãos da querida África, terra de esperança, juventude e fé viva.

Saúdo o amado povo do Brasil, que leva no coração a alegria do Evangelho e uma devoção mariana tão fecunda.

Saúdo especialmente os peregrinos vindos da Bósnia-Herzegovina, sobretudo de Medjugorje, onde tantos vão buscar luz, consolo e conversão. Que a Rainha da Paz interceda por vós e por todo o mundo.

Neste momento, pedimos a paz pela Terra Santa, onde ainda hoje há tanto sofrimento. Pedimos paz para a Ucrânia, para os povos que sofrem sob o peso da guerra, para as famílias em crise, para as amizades feridas. Paz para os corações divididos, para os lares marcados pelo silêncio ou pela violência.

Paz! Paz! Paz! É isso que Jesus nos oferece. É isso que o Espírito realiza. É isso que o mundo precisa. Sejamos homens e mulheres de paz. Testemunhas do Ressuscitado. Artífices da unidade. Vasos frágeis que carregam a luz.

Deus vos abençoe. Maria vos acompanhe. E que o Espírito Santo vos renove com a sua paz.

Feliz Pentecostes a todos! Até amanhã ao meio-dia, onde rezaremos o novo angelus. Bom jantar!
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