BONIFATIUS, EPISCOPUS
PONTIFEX MAXIMUS
SERVUS SERVORUM DEI
BULA PONTIFÍCIA
Tempora Reordinandi
PELA QUAL SE ENCERRAM
AS ARQUIDIOCESE DE,
FÁTIMA, APARECIDA E SÃO PAULO.
Aos eminentíssimos cardeais, excelentíssimos bispos, reverendíssimos padres e diáconos, a todos os religiosos, religiosas, vocacionados, leigos e leigas que esta BULA lerem, saudação, paz, misericórdia e bênção apostólica.
Nosso Senhor Jesus Cristo, Pastor eterno e Cabeça da Igreja, confiou ao Sucessor de Pedro e aos Pastores unidos a Ele a missão de guiar o Povo de Deus, rumo à salvação eterna. A Igreja, que é sacramento universal visível de salvação (cf. Lumen Gentium, 48), é chamada, em todos os tempos, a ordenar as suas estruturas conforme as necessidades e a evolução dos tempos hodiernos.
Hoje, diante da escassez de clérigos e das crescentes exigências de uma evangelização que já não se limita a territórios geográficos, mas também se estende a horizontes digitais e culturais inéditos, sentimos o dever de, com prudência, reordenar algumas estruturas eclesiais, a fim de fortalecer a unidade da Igreja e assegurar o cuidado espiritual de todos os fiéis.
Conscientes de que “a caridade de Cristo nos impele” (2Cor 5,14), e escutando com atenção os apelos do Espírito que guia a Santa Igreja, decidimos proceder à supressão de três circunscrições eclesiásticas até agora elevadas à dignidade de Arquidioceses.
As Sagradas Escrituras nos recordam que a missão da Igreja não se funda em estruturas humanas, mas na presença viva de Cristo Ressuscitado. Ele mesmo nos assegura: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou Eu no meio deles” (Mt 18,20).
O Apóstolo Paulo, ao escrever às comunidades, sublinha a unidade como dom e como tarefa: “Há diversidade de dons, mas um só Espírito; há diversidade de ministérios, mas um só Senhor; há diversidade de atividades, mas o mesmo Deus que realiza tudo em todos” (1Cor 12,4-6). Assim, qualquer reorganização eclesial não diminui a riqueza da vida cristã, mas a coloca a serviço do Corpo de Cristo, que é uno e indivisível.
O Catecismo da Igreja Católica ensina: “É na comunhão da Igreja que o Espírito Santo educa os fiéis e conduz cada um à missão que lhe cabe” (CIC, 738). E ainda: “A Igreja, peregrina na terra, é, por sua natureza, missionária, enviada por Cristo a todas as gentes para fazer discípulos” (CIC, 767).
Dessa forma, também as transformações institucionais devem ser vistas não como rupturas, mas como instrumentos pastorais para melhor realizar a missão recebida.
Portanto, em virtude da autoridade apostólica que me é confiada, após ampla consulta e madura deliberação, DECRETO oficialmente o encerramento das seguintes circunscrições eclesiásticas: Arquidiocese de São Paulo, Arquidiocese de Aparecida e Arquidiocese de Fátima.
A partir da promulgação desta bula, cessam as Administrações Arquidiocesanas correspondentes, bem como os direitos e deveres canônicos dos Ordinários até então incumbidos de sua condução. Os bens espirituais, pastorais e administrativos de cada circunscrição são confiados diretamente à Sé Apostólica, que os integrará em novas formas de acompanhamento pastoral a serem progressivamente estabelecidas. Permanece, todavia, autorizado e incentivado o culto divino nas Catedrais respectivas, que continuarão a ser casas de oração, lugares de encontro eclesial e centros vivos de espiritualidade para os fiéis.
Ninguém deve considerar estas disposições como diminuição de sua dignidade batismal ou enfraquecimento da Igreja. Antes, devem ser vistas como sinal da comunhão universal e do desejo de responder às exigências de nosso tempo com humildade e confiança em Deus.
Aos clérigos, religiosos e religiosas, que com generosidade dedicaram suas vidas ao serviço destas Igrejas particulares, exprimo meu sincero e profundo agradecimento. O seu trabalho não se perde, mas permanece frutificando no mistério da comunhão dos santos, conforme a palavra do Apóstolo: “Sede firmes e inabaláveis, sempre dedicados à obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é em vão” (1Cor 15,58).
Aos fiéis leigos, recordo que sua missão batismal continua indispensável. Como ensina o Catecismo: “Os leigos participam no múnus sacerdotal de Cristo: cada vez mais unidos a Ele, eles oferecem a Deus suas vidas como sacrifício espiritual, em louvor do Seu Nome” (CIC, 901).
Por isso, mesmo sem a estrutura de uma Arquidiocese, todos são chamados a permanecer unidos na fé, perseverantes na oração, e audazes no testemunho do Evangelho. Que ninguém se escandalize por estas decisões, mas todos compreendam que a Igreja, guiada pelo Espírito Santo, às vezes precisa podar ramos para que a árvore dê frutos mais abundantes (cf. Jo 15,2).
O reordenamento aqui proclamado busca também integrar a vida da Igreja às novas realidades da sociedade contemporânea, em que as fronteiras entre o espaço físico e o espaço digital se tornam cada vez mais tênues. O Evangelho deve ressoar em todos os areópagos, e a Igreja não pode deixar de se adaptar pastoralmente para estar presente nos corações dos homens e mulheres de hoje.
Assim, estas disposições não significam fechamento, mas abertura: não significam perda, mas ganho; não significam enfraquecimento, mas fortalecimento da unidade.
“Nós, sendo muitos, somos um só pão, um só corpo, pois todos participamos do mesmo pão” (1Cor 10,17). Esta unidade é o maior dom que temos a oferecer ao mundo.
Diante de Deus Todo-Poderoso, confiamos esta decisão à intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, que acompanha os discípulos de Cristo em todas as transições e provações.