Homilia | I Domingo do Advento - Ano A | Papa Pio IX

HOMILIA 
PAPA PIO IX

Missa do I Domingo do Advento

Basílica de São Pedro
30 de novembro de 2025 - 21h

Caríssimos irmãos e irmãs.

Iniciamos hoje o Advento: um tempo que não é simplesmente a contagem decrescente até ao Natal, mas um tempo sagrado em que a Igreja nos pede para afinar o olhar, o coração e o ritmo da vida. Começamos um novo Ano Litúrgico, e é como se o Senhor nos dissesse: “Recomeça. Abre de novo o coração. Desperta.” O Advento é esta porta que se abre para um Deus que vem e nunca deixa de vir.

A primeira leitura, do profeta Isaías, é como uma janela que se abre para aquilo que o Senhor sonha para a humanidade. Um futuro onde as nações se dirigem ao monte do Senhor, não para guerrear, mas para aprender os caminhos da paz. É uma visão profundamente atual. Num mundo marcado por divisões, violência e medo, Isaías ousa anunciar: é possível um amanhã diferente. Mas esse futuro não acontece sozinho; precisa de gente que caminhe, que suba o monte, que escute a Palavra e a deixe transformar o coração. Por isso, o profeta conclui com um convite que hoje também nos é dirigido: "Casa de Jacob, vinde, caminhemos à luz do Senhor!"

Caminhar à luz do Senhor significa permitir que Ele ilumine áreas da nossa vida onde talvez ainda haja sombra: impaciências, desânimos, conflitos, feridas não curadas. Mesmo quando sentimos que o mundo se fecha, Deus abre horizontes. O Advento é esse tempo para percebermos que vale a pena continuar a caminhar.

São Paulo, na segunda leitura, dá ao Advento uma tonalidade ainda mais clara: "Chegou a hora de despertar do sono." Quantas vezes adormecemos na rotina? Quantas vezes vivemos como se tudo fosse garantido, como se a fé pudesse ficar guardada numa gaveta para quando der jeito? Paulo não fala de um despertar superficial, mas de um acordar que exige decisão: revestir-se de Cristo, deixar de lado gestos e atitudes que nos afastam do Evangelho. O Advento é tempo de conversão, não feita de culpas, mas de escolhas novas. É tempo de perguntar: O que precisa de acordar em mim? Onde posso deixar Cristo entrar mais profundamente?

O Evangelho vem, então, completar o apelo: "Vigiai." Jesus recorda que a vinda do Filho do Homem é inesperada como o ladrão durante a noite. Não para nos meter medo, mas para nos lembrar que a fé é vida em estado de prontidão. Não sabemos quando o Senhor passará – mas Ele passa. Passa na pobreza de Belém, passa nos sacramentos, passa no irmão que precisa, passa no tempo que se renova. A vigilância cristã não é ansiedade. É alegria disponível. É viver com o coração acordado para reconhecer Jesus quando Ele se aproxima.

Hoje, somos convidados a não viver distraídos. O tempo do Advento não pede pressa, mas pede vigilância; não pede que façamos tudo, mas que façamos com amor; não pede que apenas esperemos, mas que preparemos o coração.

E como se vive esta vigilância?
– Com oração, para que o nascimento do Senhor não seja apenas memória, mas encontro.
– Com gestos de paz, pois Deus vem onde a reconciliação acontece.
– Com generosidade, porque o amor abre espaço para a chegada de Jesus.
– Com esperança, acreditando que o último capítulo da história não será a violência, mas a luz.

Que a nossa comunidade caminhe unida rumo ao Natal. Que cada um de nós se torne sinal dessa luz que ilumina o mundo. E que este Advento seja mais do que calendário e tradição: seja um despertar interior, uma reorientação da vida, um tempo de reencontro com Deus que vem humilde, silencioso e inesperado – mas sempre fiel.

Caminhemos à luz do Senhor. Que Ele nos encontre vigilantes, com o coração desperto e disponível para acolher o Emanuel – Deus connosco.
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