Cardeal Dom Gaspar Rigali Bruch
Cardeal-Presbítero di Santo Antonio in Campo Marzio
Prefeito do Dicastério para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos
Instrução "Unitas vocis"
sobre o modo de proferir a Oração Eucarística na missa concelebrada
1. A importância dos gestos na Liturgia
A celebração eucarística é a ação sagrada por excelência, onde sinais visíveis tornam presentes o mistério invisível de Cristo. "Por isso, os gestos e posições do corpo, tanto do sacerdote, do diácono e dos ministros, como do povo, devem contribuir para que toda a celebração resplandeça pelo decoro e nobre simplicidade, se compreenda a verdadeira e plena significação de suas diversas partes e se favoreça a participação de todos" [1].
Mesmo na realidade virtual na qual, por necessidade, descrevemos nossos gestos com expressões como "abro os braços", a clareza e a fidelidade desses sinais enriquecem a celebração e manifestam o mistério celebrado. A omissão ou a execução descuidada dos gestos pode dar a impressão de algo empobrecido ou sem vida. A nobre simplicidade da liturgia floresce quando os ministros "falam com o corpo", permitindo que a assembleia reunida perceba a beleza e a verdade do augusto Sacrifício.
2. A Oração Eucarística
A Oração Eucarística é o centro e ápice de toda a celebração, na qual a Igreja, unida a Cristo cabeça, oferece ao Pai o memorial da sua Páscoa. Sua estrutura remete à última ceia, quando Jesus tomando o pão e o cálice, deu graças (eukharistía), e entregou aos discípulos, dizendo: "Fazei isto em memória de mim" (cf. 1Cor 11,23-26).
3. A forma de proferir a Oração Eucarística na missa concelebrada
Quando há sacerdotes concelebrantes a Igreja prevê algumas normas para que a unidade e a distinção dos papéis se tornem visíveis.
O Prefácio é cantado ou proclamado somente pelo sacerdote celebrante principal; mas o Santo é cantado ou recitado por todos os concelebrantes junto com o povo e o grupo de cantores [2].
Terminado o Santo, os sacerdotes concelebrantes prosseguem a Oração Eucarística na maneira como se determina a seguir. Só o celebrante principal fará os gestos indicados nas rubricas, caso não se determine outra coisa [3].
As partes que são proferidas conjuntamente por todos os concelebrantes e, sobretudo, as palavras da consagração que todos devem expressar, quando forem recitadas, sejam ditas em voz tão baixa de tal modo que se ouça claramente a voz do celebrante principal. Dessa forma as palavras são mais facilmente entendidas pelo povo [4]. Na realidade virtual, então, para que não haja dificuldade no entendimento, os sacerdotes concelebrantes devem descrever tais gestos com a expressão "repito junto ao celebrante em voz baixa".
Oração Eucarística I, ou Cânon Romano
Na Oração Eucarística I, ou Cânon Romano, o Pai de misericórdia é dito somente pelo celebrante principal, de braços abertos [5].
Do Dignai-vos, ó Pai, aceitar até o Suplicantes, vos pedimos, o celebrante principal realiza os gestos, enquanto todos os concelebrantes dizem tudo juntos, da seguinte forma:
a) o Dignai-vos, ó Pai, aceitar, com os braços abertos para as oferendas;
b) Na véspera de sua paixão e Do mesmo modo, de mãos unidas;
c) à apresentação, olham para a hóstia e o cálice e depois se inclinam profundamente;
d) o Celebrando, pois, a memória e o Recebei, ó Pai, com olhar benigno, de braços abertos;
e) o Suplicantes, vos pedimos, inclinados e de
mãos unidas até as palavras pela comunhão do santíssimo Corpo e o Sangue do vosso Filho; erguem-se depois fazendo o sinal da cruz às palavras sejamos repletos de todas as graças e bênçãos do céu [6].
Às palavras E a todos nós pecadores todos os concelebrantes batem no peito [7].
Oração Eucarística II
Na Oração Eucarística II, o Na verdade, ó Pai, vós sois Santo é proferido apenas pelo celebrante principal, de mãos estendidas [8].
Desde o Santificai, pois até o Suplicantes, vos pedimos os concelebrantes proferem tudo, juntos, da seguinte forma:
a) o Santificai, pois, de mãos estendidas em direção às oferendas;
b) o Estando para ser entregue e Do mesmo modo, de mãos unidas;
c) à apresentação, olham para a hóstia e o cálice e depois se inclinam profundamente;
d) o Celebrando, pois, o memorial e o Suplicantes, vos pedimos, de mãos estendidas [9].
Oração Eucarística III
Na Oração Eucarística III, o Na verdade, vós sois Santo é proferido apenas pelo celebrante principal, de mãos estendidas [10].
Do Por isso, ó Pai, nós vos suplicamos: até o Olhai com bondade, todos os concelebrantes proferem tudo juntos, da seguinte maneira:
a) o Por isso, ó Pai, nós vos suplicamos, com as
mãos estendidas para as oferendas;
b) o Na noite em que ia ser entregue e o Do mesmo modo, de mãos unidas;
C) à apresentação, olham para a hóstia e o cálice e depois se inclinam profundamente;
d) o Celebrando agora e o Olhai com bondade, de mãos estendidas [11].
Oração Eucarística IV
Na Oração Eucarística IV, as palavras Nós proclamamos até para levar à plenitude toda a santificação são proferidas apenas pelo celebrante principal, de braços abertos [12].
Do Por isso, nós vos pedimos, até o Olhai, com bondade, todos os concelebrantes recitam tudo juntos, da seguinte forma:
a) o Por isso, nós vos pedimos, de mãos estendidas para as oferendas;
b) o Quando, pois, chegou a hora e o Do mesmo modo, de mãos unidas;
c) à apresentação, olham para a hóstia e o cálice e depois se inclinam profundamente;
d) o Celebrando, agora e o Olhai, com bondade, de braços abertos [13].
A doxologia final da Oração Eucarística é proferida somente pelo sacerdote celebrante principal e, se preferir, junto com os demais concelebrantes, não, porém, pelos fiéis [14].
4. Conclusão
Portanto, a Missa concelebrada, quando vivida com fidelidade aos gestos, às palavras e à ordem litúrgica da Oração Eucarística, torna presente o único sacrifício de Cristo. Cada gesto do sacerdote e cada proclamação dos concelebrantes configuram a assembleia com Cristo e invocam o Espírito Santo, tornando visível a comunhão do Corpo de Cristo. Assim, a unidade da voz e dos gestos não é apenas decoro litúrgico, mas expressão concreta da participação de todos no memorial pascal, permitindo que o povo de Deus experimente a riqueza do dom de Cristo, pão da vida e vinho da salvação.
Roma, 17 de setembro de 2025.
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[1] Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 42.
[2] Cf. ibidem, n. 216.
[3] Cf. ibidem, n. 217.
[4] Cf. ibidem, n. 218.
[5] Cf. ibidem, n. 219.
[6] Cf. ibidem, n. 222.
[7] Cf. ibidem, n. 224.
[8] Cf. ibidem, n. 226.
[9] Cf. ibidem, n. 227.
[10] Cf. ibidem, n. 229.
[11] Cf. ibidem, n. 230.
[12] Cf. ibidem, n. 232.
[13] Cf. ibidem, n. 233.
[14] Cf. ibidem, n. 236.