A todos os que esta lerem,
saúde, paz, e bênção apostólica.
DISCITE A ME, QUIA MITIS SUM ET HUMILIS CORDE. (Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração - cf. Mateus 11,29). Desde o início da eleição, o Senhor conforta aquele que se assenta na Cátedra de Pedro com estas palavras, lembrando que o verdadeiro poder centra-se na humildade e na mansidão. Não existe sobra de dúvida de que muitos dos nossos predecessores, escolhidos pelo Espírito Santo, dedicaram-se à Igreja com coração manso e humilde, conduzindo o rebanho com amor e zelo, sem buscar glória própria.
O Pontificado não exige a força dos tiranos, mas o serviço do Pastor, que como Cristo, caminha entre o seu povo, sustentando os fracos, consolando os aflitos e instruindo os que se desviam, tal como nos ensina São Paulo: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (I Cor. XI,1).
O meu predecessor, Sisto I, foi eleito subsequente ao egrégio pontificado de Romano II, em tempos de esperança, mas também de grande tribulação. Foram dias marcados por conflitos na Cúria Romana, em que homens se levantaram contra a sua autoridade, buscando reter para si o poder e desprezar a vontade do Espírito Santo que havia eleito, através dos Cardeais, a este pontífice.
Sisto I sofreu com a injustiça daqueles que não se conformaram com a sua eleição. Submetido as intrigas e hostilidades, foi injustamente deposto, mas nunca renunciou ao serviço amoroso à Igreja. Como o Bom Pastor que arrisca a vida pelo seu rebanho, Sisto entregou-se à pacifidade, sofrendo feridas e provações, mas, jamais traindo a missão que lhe tinha sido confiada pelo próprio Senhor.
Eu sou fiel testemunha do sofrimento que este meu amado predecessor padeceu, e é precisamente este sofrimento que inspira a minha proclamação. O seu ministério, embora breve, foi grandioso em amor, zelo e serviço pastoral, como um pastor que carrega as ovelhas feridas a seus ombros.
O Pontificado de Sisto I manifesta o amor que deve marcar todo o ministério sacerdotal e episcopal: Ele amou a Igreja de coração puro e sincero, colocando sempre o rebanho acima de qualquer ambição. Como afirmou nosso Senhor: “Vós sereis meus amigos se fizerdes o que vos mando” (Jo 15,14) e Sisto I foi, e continuará a ser, um reconhecido servo fiel, amigo e irmão da Igreja.
O seu legado de humildade e caridade foi reconhecido por seu sucessor, Leão V, que o descreveu em seu primeiro Consistório como “Um verdadeiro mártir que se doou e tanto deu de amor à Igreja. Com Sisto, tivemos tanto a aprender e poderíamos ter aprendido mais, se não o houvessem injustamente condenado.”
O Papa Sisto I é, portanto, modelo de pastor que, ferido, não cessou de amar e de servir a igreja e de deixar um verdadeiro testemunho. Como nos recorda São Gregório Magno, “a caridade é a raiz de toda virtude episcopal”, e Sisto viveu cada dia do seu pontificado com base nesta verdade. Sisto I nos ensina que a fidelidade à Cátedra de Pedro e à Santa Igreja exige coragem, paciência e amor incondicional. Ele defendeu a unidade da Igreja, mesmo contra a oposição e a injustiça, como nos recorda Santo Ambrósio: “Onde está Pedro, aí está a Igreja”.
O seu ministério é um exemplo concreto de que a autoridade apostólica não reside em tiranias, mas em serviço de humilde, em dedicação constante ao amor sacrificial pelo rebanho de Deus. Ele é espelho da Igreja que Cristo ama: vulnerável, mas firme; perseguida, mas gloriosa; pacífica, mas justa.
Por isso, com plena autoridade apostólica, proclamo solenemente Sisto I como Magno, e determino que o seu nome conste a partir deste momento nos anais da Igreja como um Pontífice exemplar que tanto amou a Igreja e por Ela sofreu.
A ele, é conferido o título de Pastor Cordis (Pastor de Coração). Um pastor que deu a vida pelo rebanho, que amou com humildade e paciência, que foi injustamente perseguido, mas que manteve sua fé e serviço até o fim.
Que o exemplo de Sisto permaneça vivo para cada um de nós, ensinando-nos a servir com humildade, a dialogar com caridade e a edificar a Igreja com paciência e amor. Que a sua vida nos inspire e nos lembre sempre do dever de colocar a Igreja acima de nós mesmos, seguindo o exemplo de Cristo e dos santos. Que o rebanho de Cristo, guiado por seus pastores, aprenda com a vida de Sisto I, que o sofrimento, quando oferecido com amor, não é em vão, mas transforma-se em testemunho e santidade.

